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Amanhã, 80 anos!

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Começo a escrever estas linhas no dia 18 de agosto de 2020. Vencendo o Tempo, véspera do dia 19 de 1940, quando nasci, na Avenida Ipiranga. Oitenta anos desde então!

Memória de momentos encantadores, de verdade. Meu pai, minha mãe e eu deixamos Santa Maria em 1943. Hoje vivo entre São Paulo, Tiradentes e Paris. Sempre, porém, de quando em quando retornando ao meu chão!

Mil, mil momentos de alegria e felicidade a relembrar. O que agora sai de dentro de mim, de verdade, é a lembrança de um poema que escrevi aos 17 anos e foi publicado n'A Razão, edição de 17 de maio de 1958:

Poema a Santa Maria no seu centenário:

Das profundezas da distância, / Esboça-se um apenas gesto: / Meus olhos se fecham e recordo / A minha terra natal.

- Ah! Minha terra natal! / Cantada já foste e és, / Mas quanto te quero canto / Neste canto todo teu.
Santa Maria do sopé da serra, / Boca do Monte que supera o céu, / Estou aqui para dizer: saudade!
Tudo de ti traz saudade: / Este teu ar de bonança / Teu sopro virginal na noite, / Este teu ar de criança, / Ninho de felicidade.
Santa Maria que deixei tão cedo, / Que vi apenas aos primeiros passos / Berço de amores, terra de risos, / De Ventos-norte, de jornadas, livros.

- Frequentemente / Regresso a Santa Maria. / Há coisas na minha cidade / Que eu admiro e venero: / O cheiro da estação de trens, / A fachada do Centenário, / onde estudou minha mãe. / O colégio Bilac, / Infância de meu pai. / Avenida Ipiranga, / Onde nasci, / Chão dos primeiros passos. / A estátua do Felipe d'Oliveira, / Rua de Comércio, Cerrito, / O hospital os quartéis. / As noites simples e puras, / Patrulha da madrugada, / Jogos de bolão, / A família antiga. / O padre Caetano, / Que me batizou, / A farmácia Probus, / Chafariz da Praça. / As calçadas leves, / As manhãs discretas, / A dolente aurora, / O entardecer.

Santa Maria que beijei num sonho, / Santa Maria que é dos meus avós. / Santa Maria do Cassiano velho, / Do rei, rei-momo, do Gentil Maciel. / Santa Maria dos cabelos longos, / Santa Maria dos olhares brandos, / Santa Maria com seus olhos negros! / Eu hoje te volto a ver! / E tu a mim! / Mudei um pouco, cresci / Não sou velho, sou moço, / Perdi o ar de inocência / Que carregava comigo. / Hoje só resta a lembrança, / Hoje só resta a saudade.

Mas tu, Santa Maria, por favor, não mudes. / Quero-te bem como és. / Não fujas, quero as mesmas ruas, / As mesmas pessoas, as mesmas palavras, / Teu vento-norte eternamente bom.
Santa Maria, por favor, não mudes. / Quero-te sempre assim, / Alegre, sorridente, benfazeja, / Como quando me viste nascer. / Com todos teus mortos vivos outra vez, / Inflada, cheia de bonança!



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